Governo de SP anunciou volta às aulas 'à revelia das particulares': 'se estado não está pronto, privadas estão', diz sindicato
Doria anunciou retomada das aulas presenciais a partir do dia 8 de setembro; associação de escolas particulares reivindica antecipação da data.
Por Carolina Giancola e César Tralli, TV Globo
As escolas particulares do estado de São Paulo reagiram nesta quarta-feira (24) ao anúncio do governo do estado, que pretende retomar as aulas no mês de setembro. O sindicato afirma que está pronto para retomar o ano letivo e cobra antecipação.
O governo de São Paulo anunciou no início da tarde a retomada das aulas presenciais na rede pública a partir do dia 8 de setembro. O plano do governo vai abranger os 3,6 milhões de alunos da rede estadual e também os estudantes de escolas técnicas, universidades e ensino privado, pois pela Lei de Calamidade Pública, as escolas particulares só poderão funcionar com autorização do estado.
O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (SIEE-SP), no entanto, acreditava que as aulas seriam retomadas em agosto e a reivindicação é para que esta expectativa seja realizada.
"Nós não esperávamos que ela voltasse em junho ou julho, mas, no mínimo em agosto", disse Benjamin Ribeiro da Silva, presidente da associação. "Foi à revelia, goela abaixo. Não concordamos. A escola particular hoje atende 24% dos alunos do Ensino Médio do estado de São Paulo e não temos culpa da incompetência do estado e da prefeitura se eles não conseguem se capacitar a tempo. Nós já temos certificação científica, protocolo médico, as escolas estão preparadas… Agora, se a rede pública não consegue se capacitar, nós não temos culpa. Não concordamos e vamos protestar".
As escolas particulares possuem um protocolo de retomada das aulas desde maio. São mais de 60 medidas, como disponibilizar água, sabão e álcool em gel aos alunos e professores, suspensão das atividades coletivas, aferição de temperatura de todos que entrarem na escola e redução da quantidade de alunos nas salas.
As particulares também estabeleceram que vão realizar uma avaliação do nível de aprendizado dos alunos, ampliar a jornada diária e repor as aulas aos sábados e em turnos alternativos.
"A escola privada começou a se preparar pra volta, e ela está preparada hoje, tanto com protocolo próprio, feito por membros da Associação Paulista de Medicina, do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Saúde do Estado de São Paulo e se preparando com equipamentos e novas tecnologias pra melhorar a sanitização das escolas", completou Benjamin Ribeiro da Silva, do SIEE-SP, acrescentando que pretende reunir as escolas particulares para avaliar se entram com um processo judicial.
As faculdades particulares, por outro lado, não aderiram ao protesto e defendem cautela no retorno às aulas presenciais e no julgamento das decisões do governo. Em nota, o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no estado de São Paulo (Semesp) disse aguardar a publicação do decreto pelo governo na próxima semana, com maiores detalhes sobre a retomada.
"A entidade considera que qualquer avaliação da factibilidade do plano e do alcance das medidas anunciadas seria prematura, na medida em que sua efetivação dependerá de Decreto que será publicado na próxima semana", diz a nota do Semesp.
Plano de retomada do governo
O estado pretende contemplar um modelo misto, virtual e presencial, com distribuição de alunos por salas de aula em dias específicos da semana, em esquema de rodízio.
As aulas deverão ser retomadas com 35% da capacidade de cada instituição de ensino - se a escola tem 1.000 alunos, só poderão frequentar as aulas 350 por dia, por exemplo.
Até setembro a previsão é de que todo estado esteja na fase amarela do plano de reabertura da economia, por isso a expectativa de recomeço das aulas presenciais, com limitação.
As aulas deverão terminar no fim de dezembro ou começo de janeiro. As medidas vão valer para a rede pública e privada de todo o estado, em todos os níveis de ensino, um universo total de 13 milhões de estudantes.
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