
Crianças fazem fila na entrada da aula da Escola municipal Roberto Burle Marx Foto: Divulgação
Bruno Alfano
Mário Mamed, de 44 anos, quer botar o filho, de 4 anos, na Escola municipal Roberto Burle Marx, em Curicica, Zona Oeste do Rio. Mas ele não é o único. São 1.270 crianças tentando entrar na unidade, a quarta melhor da rede, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no 5º (nota 7.8) e no 9º ano (6.5), e a que mais teve pedido de matrículas para o ano letivo de 2018.
— Todo mundo fala bem dessa escola. Entra prefeito e sai prefeito e é a mesma diretora que continua. Além disso, quando eu visitei o colégio, ela chamava cada aluno pelo nome. Isso mostra comprometimento. Além disso, a estrutura física é muito boa — diz Mário, que aguarda o resultado da segunda chamada: — Se não conseguir vaga para o Arthur lá, vou botar numa particular.
O problema é que a unidade só tem cerca de 30 vagas disponíveis. A escola começa a receber estudantes no 1º ano do ensino fundamental. São 60 alunos que entram no começo do ano, mas todas essas crianças vêm da creche que fica ao lado, a Maria da Conceição Silveira. As vagas disponíveis, portanto, são de crianças que saíram da escola entre o 2º e o 8º ano por diferentes motivos. A proporção é de que, para cada vaga, há 42 crianças interessadas, em média.
— O Ideb é um indicador público. E graças a Deus os pais têm acessos a esses números, que demonstram a qualidade da Burle Marx. Eu brinco com os pais que eu tinha que construir três andares nessa escola e não conseguiria atender todo mundo. Essa escola vem construindo uma imagem muito boa, o que outras unidades estão fazendo também - diz Mariana Grola, responsável pela 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que administra a área onde fica a unidade: — Todas as crianças que nos procuram conseguem vaga, não necessariamente na escola que escolheu. Mas temos outras escolas boas como a Burle Marx. Eles visitam as unidades e ficam satisfeitos.
Todas as cinco escolas com mais pedidos de matrícula estão na região da 7ª CRE. O Ciep Governador Roberto da Silveira, a Creche municipal Otávio Henrique de Oliveira e o Ciep Professor Lauro de Oliveira Lima, todos em Rio das Pedras, tiveram 1.158, 924 e 793 pedidos, respectivamente. O EDI Medalhista Paralímpico Felipe de Souza Gomes, na Taquara, completa a lista com 779 requisições.
— A região tem muita criança. Rio das Pedras, por exemplo, é um local onde chega muita gente, especialmente do Nordeste. E é uma comunidade que vem ampliando. Essa demanda sempre é muito grande, sempre foi. E as escolas também são muito boas. A população matricula por esses dois motivos: está aumentando o número de pessoas na região e são escolas muito boas — afirmou Mariana.
Os alunos são escolhidos, segundo a Secretaria municipal de Educação, através de um sorteio aleatório.
Qualidade à moda antiga
A diretora Sara de Carvalho Castro, de 68 anos, comanda a Escola municipal Roberto Burle Marx desde a criação, em 2004. Ela se define de modo claro: “ri-go-ro-sa”, soletrando as sílabas. Para ela, o sucesso da unidade de cerca de 600 estudantes vem da educação à moda antiga.
— Sou uma gestora do tempo antigo. Eu mantenho disciplina, um padrão de ensino, do prédio escolar, de limpeza e do sabor da merenda. Eles chegam com 4 aninhos e só saem aos 14. Então, a gente conhece cada família, cada problema de cada aluno. Conhece quem come, se não come porque não está comendo… A gente chama as crianças pelo nome. E eles se sentem acolhidos, o que faz eles estudarem — conta a diretora.
Quase a metade dos estudantes da unidade vem da comunidade Asa Branca, em Curicica. Cerca de 15% moram nos condomínios ao redor, como o Rio II e o Cidade Jardim. O restante vem de diferentes bairros do entorno. A diretora afirma que 85% dos 60 estudantes do 9º ano que se formaram em 2017 conseguiram bolsa em colégios particulares para o ensino médio.
— O nosso foco é prepará-los para o ensino médio. E eu sou conteudista mesmo. Não tem outra coisa: é conteúdo, sim; é matéria, sim. A gente não fica floreando muito porque se colocar muita coisa o aluno se perde. São alunos que me orgulham. Porque o que eu escuto é que eles não são só bons no conteúdo, são educados, sabem falar, e o colégio particular meio que estranha isso da conduta irrepreensível deles. Isso me traz um orgulho enorme porque os colégios chegam a brigar por eles.
Disciplina é fundamental na unidade. No começo do dia, todas as crianças ficam em fila para entrar, em silêncio, nas salas de aula. A professora Sara exige que, neste momento, os professores já estejam em sala para começar a aula. Ela conta que é tão rigorosa com os alunos, quanto com os docentes.
— Eu costumo dizer que eu brigo muito com eles porque eu também brigo muito por eles — diz.
Bruno Alfano
Mário Mamed, de 44 anos, quer botar o filho, de 4 anos, na Escola municipal Roberto Burle Marx, em Curicica, Zona Oeste do Rio. Mas ele não é o único. São 1.270 crianças tentando entrar na unidade, a quarta melhor da rede, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no 5º (nota 7.8) e no 9º ano (6.5), e a que mais teve pedido de matrículas para o ano letivo de 2018.
— Todo mundo fala bem dessa escola. Entra prefeito e sai prefeito e é a mesma diretora que continua. Além disso, quando eu visitei o colégio, ela chamava cada aluno pelo nome. Isso mostra comprometimento. Além disso, a estrutura física é muito boa — diz Mário, que aguarda o resultado da segunda chamada: — Se não conseguir vaga para o Arthur lá, vou botar numa particular.
O problema é que a unidade só tem cerca de 30 vagas disponíveis. A escola começa a receber estudantes no 1º ano do ensino fundamental. São 60 alunos que entram no começo do ano, mas todas essas crianças vêm da creche que fica ao lado, a Maria da Conceição Silveira. As vagas disponíveis, portanto, são de crianças que saíram da escola entre o 2º e o 8º ano por diferentes motivos. A proporção é de que, para cada vaga, há 42 crianças interessadas, em média.
— O Ideb é um indicador público. E graças a Deus os pais têm acessos a esses números, que demonstram a qualidade da Burle Marx. Eu brinco com os pais que eu tinha que construir três andares nessa escola e não conseguiria atender todo mundo. Essa escola vem construindo uma imagem muito boa, o que outras unidades estão fazendo também - diz Mariana Grola, responsável pela 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que administra a área onde fica a unidade: — Todas as crianças que nos procuram conseguem vaga, não necessariamente na escola que escolheu. Mas temos outras escolas boas como a Burle Marx. Eles visitam as unidades e ficam satisfeitos.
Todas as cinco escolas com mais pedidos de matrícula estão na região da 7ª CRE. O Ciep Governador Roberto da Silveira, a Creche municipal Otávio Henrique de Oliveira e o Ciep Professor Lauro de Oliveira Lima, todos em Rio das Pedras, tiveram 1.158, 924 e 793 pedidos, respectivamente. O EDI Medalhista Paralímpico Felipe de Souza Gomes, na Taquara, completa a lista com 779 requisições.
— A região tem muita criança. Rio das Pedras, por exemplo, é um local onde chega muita gente, especialmente do Nordeste. E é uma comunidade que vem ampliando. Essa demanda sempre é muito grande, sempre foi. E as escolas também são muito boas. A população matricula por esses dois motivos: está aumentando o número de pessoas na região e são escolas muito boas — afirmou Mariana.
Os alunos são escolhidos, segundo a Secretaria municipal de Educação, através de um sorteio aleatório.
Qualidade à moda antiga
A diretora Sara de Carvalho Castro, de 68 anos, comanda a Escola municipal Roberto Burle Marx desde a criação, em 2004. Ela se define de modo claro: “ri-go-ro-sa”, soletrando as sílabas. Para ela, o sucesso da unidade de cerca de 600 estudantes vem da educação à moda antiga.
— Sou uma gestora do tempo antigo. Eu mantenho disciplina, um padrão de ensino, do prédio escolar, de limpeza e do sabor da merenda. Eles chegam com 4 aninhos e só saem aos 14. Então, a gente conhece cada família, cada problema de cada aluno. Conhece quem come, se não come porque não está comendo… A gente chama as crianças pelo nome. E eles se sentem acolhidos, o que faz eles estudarem — conta a diretora.
Quase a metade dos estudantes da unidade vem da comunidade Asa Branca, em Curicica. Cerca de 15% moram nos condomínios ao redor, como o Rio II e o Cidade Jardim. O restante vem de diferentes bairros do entorno. A diretora afirma que 85% dos 60 estudantes do 9º ano que se formaram em 2017 conseguiram bolsa em colégios particulares para o ensino médio.
— O nosso foco é prepará-los para o ensino médio. E eu sou conteudista mesmo. Não tem outra coisa: é conteúdo, sim; é matéria, sim. A gente não fica floreando muito porque se colocar muita coisa o aluno se perde. São alunos que me orgulham. Porque o que eu escuto é que eles não são só bons no conteúdo, são educados, sabem falar, e o colégio particular meio que estranha isso da conduta irrepreensível deles. Isso me traz um orgulho enorme porque os colégios chegam a brigar por eles.
Disciplina é fundamental na unidade. No começo do dia, todas as crianças ficam em fila para entrar, em silêncio, nas salas de aula. A professora Sara exige que, neste momento, os professores já estejam em sala para começar a aula. Ela conta que é tão rigorosa com os alunos, quanto com os docentes.
— Eu costumo dizer que eu brigo muito com eles porque eu também brigo muito por eles — diz.
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